segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O modelo económico fascista




















A factura deste modelo económico:

  • o desemprego diminuiu bastante, sobretudo devido ao extermínio de milhões de judeus no holocausto e ao facto de muita população activa ter sido utilizada na economia de guerra;


  • a extracção de matérias-primas para a concretização desse ideal de auto-suficienia era conseguida através da colonização/expansionismo a outras nações;


  • a população era sujeita a racionamentos.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

O anti-semitismo

   O anti-semitismo foi reintroduzido por Hitler na Alemanha, pois já anteriormente os judeus tinham sido perseguidos e estigmatizados noutras partes da Europa.
   Assim, Regime Nazi aproveitou o preconceito geral contra os judeus para instigar a população alemã ao racismo.
   Esta a teoria justificava a perseguição alemã aos judeus, ciganos, homossexuais, opositores políticos, eslavos, deficientes.

As etapas da perseguição aos judeus:

• 1933 - Os cidadãos foram impedidos de comprar bens em lojas de judeus; estes não podiam exercer profissões liberais ou no funcionalismo público;

• 1935 – As leis de Nuremberga: impediam o casamento e as relações sexuais entre judeus e arianos; os judeus não podiam ter em casa ao seu serviço mulheres alemãs com menos de 45 anos; os judeus não podiam usar as cores alemãs; privavam os alemães de origem judaica do direito à nacionalidade;

• 1938 – as empresas judaicas foram encerradas e os seus bens foram confiscados; os judeus foram obrigados a usar uma estrela de pano amarela cosida à manga da roupa para serem imediatamente identificados; estavam proibidos de exercer qualquer profissão e de frequentar lugares públicos;

• 1940 – os judeus foram obrigados a viver em ghetos

• 1939-1945 – durante a Segunda Guerra Mundial os Nazis causaram a morte de cerca de 6 milhões de judeus (Holocausto)





A violência fascista

   Segundo a ideologia fascista, a violência era um meio de preparar o género humano para suportar sacrifícios, aperfeiçoando-se. A violência foi utilizada pelos fascistas para chegar ao poder, e foi o meio que estes também usaram para se manterem no poder.


As organizações que garantiram a violência nos fascismos foram:

• Milícias – constituíam grupos armados ao serviço da perseguição politica. Em Itália esta milícia chamava-se Milícia Voluntária para a Segurança Nacional. Na Amelanha chamavam-se S.A. (1920) e S.S (1925).

• Polícias políticas – na Itália designava-se por Organização de Vigilância e Repressão do Anti-Fascismo (OVRA). Na Alemanha designava-se por Gestapo.

• Campos de concentração – criados na Alemanha, logo a partir da instauração do totalitarismo hitleriano em 1933. Eram locais onde as vítimas do regime fascista eram sujeitas a trabalhos forçados, a tortura e ao assassínio em câmaras de gás.


quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Os organismos de difusão da ideologia fascista


Emblema do Partido Nacional Fascista Italiano

As organizações juvenis
   As Juventudes Fascistas, em Itália, e Hitlerianas, na Alemanha, formavam as consciências dos jovens, predispondo-as ao autoritarismo.

O partido único
   As filiações no Partido Fascista (Itália) e no Partido Nazi (Alemanha), traziam a esses cidadãos um estatuto superior, benefícios e um acesso mais facilitado a determinados cargos.

A Frente do Trabalho Nacional-Socialista e as corporações italianas
   Estes organismos tinham como objectivo evitar a contestação social, mantendo a classe trabalhadora sob vigilância do Estado.

Organizações recreativas e culturais
   Estas organizações (Itália - Dopolavoro - "depois do trabalho"; Alemanha - Kraft durch Freud - "arte pela alegria") integravam a doutrina fascista nos momentos de descanso.

Manifestações
   Através de paradas militares, discursos dos líderes, exposição de estandartes e uniformes o Fascismo/Nazismo aproveitava as concentrações de multidões.
  
Ministérios da Propaganda
   Os instrumentos que condicionavam a opinião publica eram minuciosamente estudados, pelo que os estados fascistas possuíam um ministério apenas para este fim. Deste modo, nos estados fascistas, os ministérios da propaganda tinham a missão de enaltecer o fascismo através de todos os meios de comunicação disponíveis (jornais, rádio, cinema, locais públicos) e de perseguir e punir todos os opositores.


Emblema Partido Nacional-Socialista (Nazi) Alemão


A título de curiosidade:

O discurso de Hitler aos jovens alemães:



Discurso de Hitler aos trabalhadores alemães:

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Os Princípios do Fascismo

Aconselho o visionamento deste vídeo com som. Obrigado.

domingo, 15 de novembro de 2009

Consequências políticas da crise mundial dos anos 20/30

   Os fascismos que surgiram nos anos 20/30, integram-se na conjuntura provocada pela crise profunda à qual a democracia parlamentar não conseguiu responder convenientemente.

   Em Itália, a agitação social crescia devido ao facto de este país não ter obtido as compensações territoriais que achava devidas (resoluções do Tratado de Versalhes) e também devido à crise económica resultante do pós guerra. Isto explica o surgimento do movimento fascista em 1919, em Itália, tornado Partido Nacional-Fascista em 1921, liderado por Benito Mussolini, que sobe ao poder italiano em 1922.
   No que toca à Alemanha, esta foi a que sofreu a maior derrota na Primeira Guerra Mundial. Para além da crise económica, onde se destaca a inflação galopante e os milhões de desempregados, a humilhação do Tratado de Versalhes, o qual a Alemanha foi obrigada a assinar sem ter negociado, foi o mote para a revolta da população alemã. Assim, em 1920, é criado o Partido Nacional-Socialista, ou Nazi, desde o início caracterizado pela sua natureza violenta (existência das milícias S.A., criadas em 1920). Em 1923 Hitler tentou um golpe de Estado que fracassou. Porém, os efeitos da grande depressão americana dos anos 30 deram a vitória ao golpe hitleriano na República de Weimar, isto porque os empréstimos e investimentos dos EUA que contribuíam para a recuperação económica alemã foram cancelados. Deste modo, em Janeiro de 1933, Hitler foi nomeado para o cargo de chanceler (primeiro-ministro) alemão pelo presidente Hindenburg.
   Na URSS foi aplicado o corporativismo de Estaline, um sistema político que se distancia do fascismo e nazismo, apesar de ter em relação a estes também algumas semelhanças (um assunto que irei abordar numa próxima postagem).




A Grande Depressão


   Entre 1925 e 1929, os EUA viveram uma fase alta da sua economia. Foram os «loucos anos 20» que se deveram à dependência de capitais e de empréstimos americanos no pós guerra e ainda à aplicação do taylorismo. Contudo, depois deste período de prosperidade e ostentação americanas, a economia dos EUA apresentava tendências depressionárias.

   A crise de 1929 deveu-se, por um lado, à superprodução de bens de consumo, e, por outro lado, à especulação da bolsa, pois que as cotações das acções da Bolsa, cada vez mais altas, não correspondiam ao valor real das empresas. Além disto, a existência do crédito fácil mantinha os cidadãos iludidos em relação à verdadeira situação da economia americana.
   No dia 24 de Outubro de 1929 («Black Thursday»), uma enorme quantidade de acções foi posta à venda, perante os rumores de crise. De acordo com a lei capitalista da oferta e da procura, quanto mais acções estavam à venda, menos valiam, pelo que, rapidamente, as acções, passaram a ser meros bocados de papel que ninguém queria comprar: assim se deu o crash da Bolsa de Wallstreet (descida rápida do valor das acções).
   Este crash repercutiu-se em todos os sectores da economia. Os bancos faliram por não conseguirem reaver o seu crédito; as empresas, sem apoio financeiro dos bancos e com acumulação de excedentes, diminuíram os preços e a produção; nisto, muitas empresas faliram e despediram os seus trabalhadores, aumentando o desemprego; os desempregados retraíram as suas compras; esta falta de consumidores e o excesso de produção levaram à baixa dos preços agrícolas e à destruição de produções de agricultores.
   A nível social, o crash de 1929, teve efeitos igualmente nefastos: os cidadãos não conseguiam emprego; surgiram bairros de lata; a fome fez-se sentir, pelo que muitos faziam fila por um pouco de soupa.
   Como é sabido, os países da Europa, em consequência da Primeira Guerra Mundial, dependiam dos empréstimos e do crédito dos EUA para a recuperação do pós-guerra. Deste modo, a crise americana alastrou para uma crise mundial: não só a Europa mas também outros países exportadores de matérias-primas entraram em crise devido ao facto de os EUA terem reduzido as trocas internacionais (importações) para regularizar a economia interna. Assim, praticamente todo o mundo (exceptuando a URSS, que não tinha um sistema capitalista), sofreu com o crash de 1929, que deu origem a uma crise mundial que se estendeu pelos anos 30 (Grande Depressão).


sábado, 7 de novembro de 2009

Os modernismos portugueses

   Depois da Implantação da República, até ao final dos anos 30, alguns artistas e pintores atacaram os alicerces da sociedade burguesa, uma sociedade nostalgicamente satisfeita com as vivências tradicionais, opostas ao cosmopolitismo e ao fervilhar de novidade artística que nascia na Europa, nomeadamente em França, pois muitos destes artistas haviam estudado em Paris.
   Ao criticarem os gostos e valores culturais da sociedade portuguesa, os modernistas colheram a indignação e o sarcasmos. Eram frequentemente marginalizados, restando-lhes apenas exposições independentes e publicações periódicas irreverentes que contradiziam os preceitos académicos portugueses.

   O Primeiro Modernismo designa o movimento que se afirma em Portugal na segunda década do século XX (1911-1918). As principais fontes históricas deste movimento foram:


  • A revista Orpheu, dirigida por Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneira, que deu a conhecer um estilo literário e de pintura completamente diferentes de tudo o que se fizera até então, introduzindo o futurismo português. Esta revista causou escândalo, ao qual ripostou com o Manifesto Anti-Dantas de José Almada Negreiros, reforçando ainda mais o escândalo.


  • A revista Portugal Futurista, com a colaboração de Santa-Rita pintor, Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, Apollinaire, etc. Contudo, a revista foi apreendida antes de poder chegar ao público: a República não tolerava mais a vanguarda artística.

   O segundo Modernismo designa a corrente artística que se manifestou nos anos 20 e 30 do séc. XX (1920-1940). O contexto de ditadura que vigorava desde 1926, em Portugal, colocou entraves à manifestação de irreverência e originalidade que caracterizou o primeiro modernismo.
   Na pintura destacam-se Almada Negreiros, Eduardo Viana e O Casal Delaunay, ao passo que na literatura se destaca a revista Presença, de José Régio, que publicou parte da obra de Pessoa.




 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Pintura de Almada Negreiros

O atraso português reflectido na Arte


   Nas primeiras décadas do séc. XX, enquanto na restante Europa nasciam as vanguardas artísticas, Portugal encontrava-se ainda predominantemente na corrente naturalista, com pinturas de ar livre e descrições da vida popular, que percorrera a Europa desde a segunda metade do séc. XIX.

   A insistência do Naturalismo pode ter-se prendido com o contexto político da época, em que os republicanos apoiaram as correntes nacionalistas, ou, por outro lado, com o atraso da revolução industrial e da expansão urbana em Portugal relativamente aos países desenvolvidos na Europa, explicando-se assim a insistência na descrição de um mundo rural, idealizado mas que, de facto, era predominante.

    Na imagem: uma pintura naturalista de José Malhoa,  o pintor de destaque do naturalismo português nas primeiras décadas do séc. XX.



A queda da República Portuguesa

   A queda da monarquia portuguesa dá-se em 1910 com a Implantação da República. Contudo, devido a condicionantes exteriores que agravaram o estado político, económico e social de Portugal, a República portuguesa cai, no contexto da regressão dos demoliberalismos na Europa durante o período do pós-guerra.

Causas da falência da Primeira República Portuguesa


Políticas:
  • A discussão política sobre o papel de Portugal na PGM acabou por resultar na intervenção portuguesa através do Corpo Expedicionário Português que auxiliaria a Inglaterra e protegeria as colónias cobiçadas pela Alemanha;
  • A instabilidade governativa: a Constituição de 1911 atribuía o poder legislativo ao Congresso e este destituía facilmente os governos na falta de uma maioria parlamentar. A divisão dos republicanos em vários partidos políticos dificultava ainda mais a situação.
Económicas:
  • As consequências económicas da participação portuguesa na guerra, nomeadamente a carência de bens essenciais e consequentes racionamentos;
  • Devido à falta de meios de pagamento o governo aumentou a quantidade de dinheiro em circulação. Consequentemente, a moeda desvalorizou e provocou a inflação e a perda de poder de compra dos proprietários. Quanto mais o escudo desvalorizava, maior o custo de vida, que foi aumentando de 1910 até 1926.
Sociais:
  • A subida do custo de vida provocou o descontentamento da classe média e proletariado;
  • Em virtude dos problemas económicos e por influências da Revolução Russa, verificaram-se vagas grevistas e atentados à bomba contra a República. Foi criada a CGT (Confederação Geral do Trabalho) dos movimento operário, e a Confederação Patronal, da classe capitalista.
  • Com a laicização do estado, dado que Portugal era um país maioritariamente Católico, a República perde grande parte do apoio popular.
A progressiva degradação da República:
1911-1913: Paivo Couceiro tenta restaurar a monarquia portuguesa
1915: Ditadura do general Pimenta de Castro;
1917-1918:ditadura do Major Sidónio Pais (República Nova)
1919: proclamação da Monarquia do Norte, na sequência da guerra civil deste ano
1926: golpe de Estado do General Gomes da Costa, que pôs fim à Primeira República e iniciou o autoritarismo em Portugal.


Alterações na Ciência


   Nos inícios do séc. XX, a crença de que a Ciência poderia explicar todos os fenómenos (cientismo) foi abandonada. Os cientistas propuseram o relativismo científico, segundo o qual a Ciência não atinge o conhecimento absoluto, sendo esta algo dinâmico e não estático, como se pensava no positivismo do séc. XIX. Destaque para a teoria da relatividade de Albert Einstein, neste âmbito.
   Por outro lado, a crença humanista de que o Homem é um ser maioritariamente racional, capaz de controlar as suas acções, foi abalada com a teoria psicanalísta de Sigmund Freud, que revolucionou a interpretação dos actos dos indivíduos ao elevar o inconsciente como principal causa das acções humanas.


quinta-feira, 29 de outubro de 2009

As principais características do vanguardismo pitoresco do séc. XX

   Nos inícios do séc. XX, revolucionando a arte europeia, surgiu um conjunto de vanguardas artísticas que rompiam com o conceito de pintura do séc. XIX.
   Apesar das suas diferenças, os movimentos artísticos do séc. XX tinham vários aspectos em comum que conferiram, de certo modo, uma unidade à arte pitoresca do vigésimo século, que se libertava do Realismo oitocentista sobretudo devido ao aparecimento da fotografia.
   Nisto, apontam-se os seguintes aspectos comuns às várias vanguardas da pintura modernista europeia do séc. XX:

   - A reivindicação da criatividade e liberdade artística contra as regras artísticas convencionais leccionadas nas mais conceituadas escolas de arte da época;

   - A ausência de imitações puras da realidade sensorial;

   - A influência de novas correntes científicas, como o relativismo de Einstein, com o seu conceito dinâmico de tempo e espaço, e a psicanálise de Freud, que conferia um papel importante ao inconsciente humano;

   - A afirmação da emotividade/ideais do artista nos objectos de arte;

   - A substituição do estaticismo do séc. XIX pelo dinamismo pitoresco;

   - O desprezo por regras convencionais da pintura (a utilização de materiais inovadores, a destruição da perspectiva e a ousadia das cores puras ou das cores neutras);

   - A inspiração na arte de outros continentes, sobretudo no registo artístico africano.




 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gustave Courbert (1819-1877), Cortadores de Pedras   (exemplo do Realismo do séc. XIX)


Joan Miró (1893-1983), O Peixe Cantor   (exemplo da vanguarda surrealista do séc. XX)

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Alimentando o ócio

   Com a Primeira Guerra Mundial, os indivíduos que presenciaram tal desastre humano consciencializaram-se, ao lidar com a morte e destruição, que tudo o que existe terá um fim. Era necessário viver-se o presente, esquecendo-se o passado e não pensando muito no futuro. Assim, no pós-guerra, em contraste com a previdência da burguesia do séc. XIX, surge a cultura do ócio pelas classes médias e altas. Foram os "loucos anos 20", em que os tempos livres se caracterizavam por um fervilhar de vida em clubes de dança, teatros,  cinemas, esplanadas. Surgem as primeiras estrelas de cinema, nasce o culto à música jazz, o desporto impõe-se.
   Os hábitos e gostos generalizam-se então devido à concentração urbana, que originou o conceito de enriquecimento cultural através da prática de certos hábitos sociais aquando dos tempos livres.



A emancipação feminina

   Direito ao voto, emprego, moda. Estes são conceitos que passaram a fazer parte do dicionário feminino a partir dos anos 20: uma transformação de mentalidades consequente do final da Primeira Guerra Mundial.
   Devido á escassez de homens na população activa, uma consequência da necessidade militar de enviar soldados para as frentes da Primeira Grande Guerra, as mulheres começaram a ter lugar nos tecidos industriais da Europa. E como quem tem trabalho merece ter opinião nas políticas que influenciam o mesmo, após a guerra,  algumas mulheres lutaram afincadamente em prol da igualdade de géneros, nomeadamente a igualdade em termos de direito de voto. Assim, nos inícios do 20º século, as sufragistas conquistam o direito de voto em países como a Alemanha, a Inglaterra e os Estados Unidos. Para além disto, o facto de as mulheres ingressarem no mundo do trabalho promoveu a libertação das mesmas em relação aos seus maridos, porque se tornam monetariamente independentes.
   Esta independência monetária e a confiança trazida por uma igualdade quase alcançada foram o mote para uma revolução na moda, cuja base se caracterizava pela imitação do Homem, o símbolo da independência social, e pela liberdade de movimentos, dado que certos trajes femininos tradicionais não permitiam uma adaptação produtiva aos novos locais que pertenciam à rotina das mulheres da sociedade europeia do pós-guerra. Neste seguimento, as mulheres abandonam o espartilho, sobem as suas saias acima do tornozelo (ou até do joelho), cortam o cabelo "à la garçonne" (bastante curto), passam a frequentar pólos sociais outrora  frequentados exclusivamente por homens e imitam certos comportamentos destes últimos, como, por exemplo, fumar.
  

domingo, 18 de outubro de 2009

A explosão autoritarista dos anos 20

   Na Europa, depois da 1ª Guerra Mundial, o demoliberalismo regride, dando lugar ao aparecimento de projectos políticos de extrema-esquerda e de extrema-direita, apoiados pelas populações.
   O aparecimento de novas revoluções de esquerda na Europa deve-se sobretudo à vitoria dos bolcheviques na URSS, que provou a possibilidade de o operariado se tornar a classe dominante, dando assim esperança a milhões de trabalhadores europeus. Destas revoluções destacam-se, apesar do seu fracasso, o espartaquismo em Berlim (1918) liderado por Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht e ainda a revolta de camponeses sem terra e operários em Itália (1919-1920).
   No extremo oposto, surge o grande apoio de vários países europeus a  movimentos de extrema-direita, no âmbito da devastação que a Primeira Guerra provocou sobre a Europa. A inflação, que atingiu muitos países, traduziu-se em grandes dificuldades de subsistência da população. A agitação social era constante devido à proliferação dos ideais comunistas, dado que as greves e manifestações diminuíam a produtividade das empresas. As constantes lutas entre partidos demoliberais provocavam o descrédito do povo em relação ao regime parlamentar. Depois da desorganização financeira, instabilidade política e perdas demográficas trazidas pela guerra, os europeus já não acreditavam na esperança outrora incutida pelos «14 pontos» do presidente norte-americano Wilson. Para além disto, os capitalistas (classes alta e média) viviam com medo do bolchevismo e das suas nacionalizações radicais, pelo que apoiavam as ideologias fascistas. Este antibolchevismo crescia na Europa à medida que na Rússia o socialismo tomava uma feição mais dura, como resultado da Komitern (III Internacional Comunista), em que se proclama o modelo da Rússia como o único a seguir pelos restantes países,  rompendo-se com as ideologias reformistas. Com tudo isto, surge então uma vaga de fascismos na Europa, em que se destacam o movimento de Mussolini, os camisas negras, em 1922 na Itália, o golpe de estado de Hitler na Alemanha (1923) e a ditadura do general Primo de Rivera, em Espanha (1923-1930).


Benito Mussolini e Adolf Hitler

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A Nova Política Económica: uma contradição necessária do marxismo-leninismo

   Com o comunismo de guerra, nomeadamente em 1921, a economia russa estava na ruína. A produção de cereais desceu para metade da de 1913 porque os camponeses não produziam, escondiam ou destruíam as suas colheitas, e também porque em 1920-21, a Rússia se deparou com um Inverno difícil e um Verão seco. Para além disto, nas cidades a produção industrial diminuíu cerca de 3/4 em relação a 1913, as minas estavam inutilizadas e os caminhos-de-ferro paralizados.
   Perante estas condições, e porque o comunismo se caracterizava também pelo progresso económico (e não apenas pelo progresso dos sovietes), Lenine aplica algumas medidas de cariz capitalista a partir de 1921, com o objectivo de estimular a produção russa (Nova Política Económica):
• Em vez de obrigar os camponeses a entregar todos os excedentes de cultivo, estabeleceu um imposto a pagar em géneros;
• Permitiu que os camponeses vendessem directamente os seus produtos no mercado interno;
• Devolveu as pequenas empresas ao controlo privado;
• Aceitou a ajuda do estrangeiro em investimentos, maquinaria, matérias-primas, técnicos;
• Eliminou o trabalho obrigatório.
    A NEP, aplicada entre 1921 e 1927, acabou por resultar numa melhoria assinalável dos níveis de produção agrícola e industrial, como podemos constatar no gráfico.


O comunismo de guerra: ditadura do proletariado e centralismo democrático


   Inspirado nas ideias de Marx, Lenine defendia que a instauração de uma sociedade sem classes, o comunismo, que teria de passar previamente por uma etapa designada por ditadura do proletariado.
Na Rússia, o conjunto de medidas conducentes à instauração da ditadura do proletariado tomou o nome de comunismo de guerra. Efectivamente, estava em curso, desde 1918, uma guerra civil entre os russos que se opunham aos decretos revolucionários (brancos) e os russos bolcheviques (vermelhos), cuja vitória pertenceu ao exército vermelho.
   O comunismo de guerra sucedeu à democracia dos sovietes, substituindo os decretos revolucionários ( o decreto sobre a paz, que propunha a todos os povos em guerra a paz exigida pelos operários e camponeses russos; o decreto sobre a terra, que colocava toda a propriedade privada à disposição dos comités agrários e dos sovietes de camponeses - nacionalizações) por medidas mais radicais. Eis então algumas medidas do comunismo de guerra:

• 1918: negociação imediata da paz com os alemães e retirada da Rússia da «guerra estrangeira e capitalista que o socialismo sempre condenou e que o povo russo nunca desejara», através do tratado de Brest-Litovsk.

• A organização dos vários sovietes numa hierarquia em pirâmide, sendo que no topo estaria a Assembleia do Congresso dos Sovietes, de onde saía, por eleição, o Conselho dos Comissários do Povo, o supremo órgão executivo cuja presidência foi entregue a Lenine, tendo Trotsky como comissário da Guerra e Estaline como comissário das nacionalidades. (Centralismo Democrático)

• A destruição do sistema capitalista e a colectivização de toda a economia através da nacionalização imediata de todos os meios de produção: terras, fábricas, minas, bancos, em que o Estado se instituía como gestor principal de todos os bens.

• A instituição do regime de partido único – o partido comunista russo (ex bolchevista), considerado como representante do proletariado. (Centralismo Democrático)

• Instituição da polícia política (Tcheca).

• Instituição da censura.

• Junho de 1918: promulgação da 1ª constituição da Revolução, aprovada pelo V Congresso Geral dos Sovietes que, de acordo com o ideário bolchevique (que favorecia o operariado), declarou o estado russo como um estado federalista e multinacional, constituído pela união das nacionalidades, e adoptou o centralismo democrático.

• 1919: reunião da 3ª Internacional (comunista), em virtude da preocupação com o movimento socialista internacional e com a sua união, que propôs a União de todos os partidos comunistas numa organização internacional (Komintern).

• O Estado era controlado pelo partido Comunista, o que reduziu, na prática, o poder local dos sovietes. (Centralismo Democrático)


Nota: Lenine, apesar da ditadura do proletariado, considerava que a Rússia vivia em democracia, porque, tal como anteriormente os capitalistas exerciam entre si a democracia e oprimiam o povo, agora era a vez de o povo exercer a democracia e oprimir os capitalistas, sendo que quando já não existisse necessidade de opressão, todos exerceriam a democracia na sua plenitude.

(alguns tópicos foram retirados de um resumo fornecido na aula pelo professor de História)

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O descontentamento russo ataca e vence


   No início do séc, XX, o povo russo vivia em dificuldades, inserido numa sociedade com características de Antigo Regime, com uma agricultura de subsistência e uma industrialização deficiente sob a vigilância do poder absoluto do czar Nicolau II, que favorecia a nobreza e o clero.
   O descontentamento do povo começa a tomar forma a partir de 1905, com o aparecimento das primeiras assembleias regionais de operários (sovietes), que acabaram reprimidas na Revolução de 1905 (Domingo Sangrento), em que uma manifestação pacífica que reivindicava as condições miseráveis da população é esmagada pelas tropas do Czar.
   A partir de 1914, com a entrada da Rússia na 1ª Guerra Mundial, agravam-se as condições económicas e sociais da Rússia e aumenta o descontentamento de um povo russo já anteriormente com dificuldades e naturalmente indignado com a repressão e massacre resultantes do Domingo Sangrento. Apesar dos esforços do czar na criação de uma liberdade ilusória, através da instituição da Duma (Parlamento russo), estes mostraram-se insuficientes para acalmar os ânimos.
  A indignação russa, escondida pela censura czarista, rebenta em 1917, quando um movimento armado contra o czarismo - camponeses, operários, soldados e marinheiros associados em sovietes - assalta o Palácio de Inverno (Revolução de Fevereiro). O resultado desta revolução foi a substituição do poder do czar Nicolau II por um governo provisório, de cariz liberal (república), que partilhava o seu poder com os sovietes.
   Contudo, a agitação social não diminuía: o povo russo queria sair da guerra. Neste seguimento, em Outubro de 1917 dá-se a Revolução Soviética, em que os Bolcheviques (membros da facção mais radical do partido social democrata), apoiados pelos sovietes, assaltam o Palácio de Inverno. Assim, o governo provisório é substituído pelo Conselho dos Comissários do Povo, presidido por Lenine. Lenine afasta então a Rússia da guerra, através do tratado de Brest-Litovsk, e aplicará o teoria de Marx na política russa (desenvolverei este último tema numa próxima postagem).


1917: Assalto ao Palácio de Inverno do Czar da Rússia

Correcções

   Devido a sugestões do professor, deixo aqui pequenas notas para o esclarecimento das seguintes questões:
              1. Por que é que a Itália, embora vencedora, se mostra descontente com o desfeche da Primeira Guerra Mundial?
              2. Por que razão os Estados Unidos não aprovaram o Tratado de Versalhes?

   As respostas:
   1. Embora tenha saído vencedora da Primeira Guerra Mundial, a Itália mostrou-se descontente com as resoluções da Conferência de Paz, no que toca à distribuição de territórios. Durante a guerra, Inglaterra e França haviam-lhe prometido a Dalmácia e a cidade de Fiúme, na Ístria. Na verdade, tal não sucedeu: a Itália, no seguimento da Conferência de Paz de 1919, apenas alarga as suas fronteiras às terras do Tirol e da Ístria (com excepção da cidade de Fiúme). No fundo, a Itália fazia parte do grupo dos "pequenos vencedores" da Primeira Grande Guerra, que se mostravam descontentes, protestando em relação à elevação dos interesses dos "grandes vencedores" (França e Inglaterra) nas resoluções de paz de 1919.

   2. Os Estados Unidos não aprovaram o Tratado de Versalhes, contrariando as intenções hegemónicas sobretudo de França e Inglaterra, porque se identificavam com a opinião do economista britânico Keynes em relação à questão das reparações de guerra, impostas aos países derrotados pelo Tratado de Versalhes, sobretudo à Alemanha. Keynes considerava que a medida das reparações de guerra, que consistia em indemnizações que os países vencidos teriam de pagar aos vencedores, não tinha em vista a recuperação económica da Europa, nomeadamente dos estados vencidos, mas sim o atendimento aos interesses sobretudo de França e Inglaterra (pagamento de dívidas) e a destruição da economia alemã. Por este motivo, o Congresso americano não aprovou o tratado em 1919.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O pulmão europeu respira ar americano para sobreviver


    Através deste esquema, penso que é fácil deduzir o porquê da dependência da Europa face aos Estados Unidos no período pós-guerra. Graças aos Estados Unidos, as consequências da guerra não foram mais destrutivas para a Europa...mas também foi graças à Europa que os Estados Unidos subiram ao primeiro lugar do pódio da economia mundial. «Já agora, vale a pena pensar nisto.».






                                                                        









   Ou seja: Com o elevado número de mortes resultantes da Primeira Grande Guerra e destruição de redes industriais, a produção industrial diminui e não acompanha a procura de produtos (de primeira necessidade e de reconstrução) que se verifica na Europa. Assim, os preços dos produtos europeus inflacionam e a Europa procura produtos nos Estados Unidos. Os Estados Unidos, por sua vez, tornam-se primeira potencia económica, depois de uma crise de excedentes em 1920-21 que é recuperada após o reforço dos métodos de racionalização do trabalho (taylorismo, concentração de empresas). Também os preços dos produtos americanos sofreram uma pequena inflação devido ao facto de num curto espaço de tempo terem alargado brutalmente o seu mercado, existindo mais procura do que oferta.
    Genericamente, as relações de dependência que a Europa, e nomeadamente os países mais afectados pela guerra (Alemanha e França), tinha com os Estados Unidos, traduzia-se num triângulo financeiro, em que o mais importante a reter é o facto de os Estados Unidos emprestarem dinheiro à Alemanha para esta poder, com esse capital, pagar as reparações de guerra à França e Inglaterra, as quais, por sua vez, pagavam as dívidas que contraíam aos E.U.A (dado que também recebiam capital deste último).

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Raízes da Organização das Nações Unidas

    Algo, da minha autoria, sobre a Sociedade das Nações, uma tentativa falhada no contexto de uma paz "combinada" pelos mais fortes após a Primeira Guerra Mundial.
    Espero que gostem e que simplifique o estudo.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Depois da tempestade não veio a bonança (para alguns)



    A Primeira Guerra Mundial, decorrida entre 1914 e 1918, deixou como legado não apenas a morte e destruição, mas também um clima de vingança entre vencedores e vencidos, mesmo depois dos primeiros acordos de paz (1919). Para além disto, surgiram transformações na Europa, em termos políticos e geográficos, que contribuíram também para a sobrevivência de uma atmosfera conflituosa no período do pós-guerra.
    O arrefecer da Primeira Grande Guerra caracterizou-se pela queda de impérios, pela criação de novos países, pela alteração de fronteiras e pela adopção de novos regimes políticos. Depois da derrota militar do império alemão, a Alemanha, unificada desde 1871, tranforma-se numa república; a Turquia, resultado da dissolução do império otomano, adopta um regime autoritário; a cisão do império austro-húngaro origina dois países independentes: a Áustria, que acolhe um regime democrático, e a Hungria, sob o controlo de um regime repressivo; finalmente, na Rússia, depois da queda do império russo e com a revolução de 1917, é instaurado o poder dos sovietes. Relativamente a novos estados, verifica-se: a independência da Finlândia, da Letónia e da Lituânia relativamente ao império russo (que viu o seu território reduzido após a sua saída antecipada da guerra - Paz Separada, 1917); o aparecimento da Polónia, da Checoslováquia, da Hungria e da Jugoslávia; as colocações do Líbano e da Síria sob a tutela da Grã-Bretanha e a colocação da Palestina sob a administração de França. No que toca a vencidos e a vencedores de guerra, França, Itália, Bélgica e Roménia vêem as suas fonteiras ampliadas, enquanto países como a Alemanha, Bulgária, Áustria e Turquia assistem à redução de áreas sobre o seu domínio. Neste processo desequilibrado de administração e distribuição territorial, vários descontentamentos resultaram de grandes reduções territoriais para uns, de insuficientes aumentos territoriais para outros e do desrespeito por diferentes culturas e nacionalidades que se viram aglomeradas num mesmo espaço.
    Focando-nos agora nos aspectos económicos que contribuíram para o clima de vingança, anteriormente referido, ente ex-opositores de guerra, destaque-se o Tratado de Versalhes (1919) como causa primeira para a recuperação dos países vencedores e destruíçao de estados vencidos, sobretudo o estado alemão. As condições expressas no tratado, relativamente à Alemanha (considerada a principal responsável pela Primeira Guerra Mundial), consistiram no pagamento de indeminizações aos países vencedores (reparações de guerra), na redução do exército e armamento e em penalizações territoriais à Alemanha - restituição do território da Alsácia-Lorena ao estado francês; controlo da zona do Sarre e de Dantzing pela Sociedade das NAções; criação de estados independentes que reduziram o território alemão (Áustria, Polónia e Checoslováquia); perda das colónias alemãs para os países vencedores.
    Este Tratado de Versalhes por ter sido elaborado pelo Conselho dos Quatro (E.U.A., Inglaterra, França e Itália) sem o conhecimento e o consentimento da Alemanha, não teve em vista o desenvolvimento económico da Europa, mas apenas a amortização imediata de despesas dos países vencedores, agravando assim a situação de uma paz em risco na Europa.
    Por este desenrolar de acontecimentos, e em virtude dos "14 pontos" sugeridos pelo presidente norte-americano Wilson, surge, em 1919, a Sociedade das Nações.


As boas vindas

    Olá a todos os meus futuros seguidores deste blog: chamo-me Inês Lopes e frequento a disciplina de História no 12º ano do curso de Línguas e Humanidades da Escola Secundária José Gomes Ferreira.
    A elaboração deste blog contribuirá  não só para uma aprendizagem mais consistente de um século de História, mas também para um esclarecer mútuo de dúvidas e trocas de experiências com os meus colegas, professor e restantes seguidores.
   Até à próxima publicação, com votos de enorme sucesso escolar.