terça-feira, 27 de abril de 2010

A supremacia económica e tecnológica dos EUA

   Aos níveis tecnológico e económico, os EUA encontravam-se na linha da frente em relação ao resto do mundo. Este estatuto americano foi conseguido através do progresso, dos já bem desenvolvidos, sectores agrícola, industrial, comercial e tecnológico, progresso este que se pode traduzir em simples cálculos matemáticos:


   Resta ainda refeir que nos EUA, em finais do séc. XX e inícios do 21º século, o sector terciário empregava cerca de 75% da população activa, sector este que era responsável por 70% do PIB americano.


Alterações no ranking mundial na viragem para o século XXI


   O término da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas levou a uma alteração do equilíbrio das forças mundiais.
   Na última década do séc. XX, o desenvolvimento e poderio mundiais concentram-se nos Estados Unidos da América, na União Europeia e na região da Ásia-Pacífico. Estas potências detêm a maior fatia das exportações mundiais e os Produtos Internos Brutos mais elevados por habitante.
   Com a ausência do rival bloco soviético, os EUA tomam, finalmente, o lugar de primeira potência mundial.
  

domingo, 25 de abril de 2010

O fim do sonho soviético

   Na década de 80, o regime comunista  da URSS encontrava-se em declínio. O controlo económico estatal e a excessiva burocracia impediam o desenvolvimento económico, o modelo económico de planos quinquenais resultavam na ausência de competitividade, as liberdades individuais eram apenas teóricas, a política estava nas mãos do Partido Comunista, o apoio financeiro aos países que se situavam na órbitra do bloco soviético representava um pesado encargo ao nível económico e militar, os cidadãos careciam de boas condições de vida e a corrida aos armamentos nucleares ameaçava a segurança mundial e exigia grandes investimentos por parte da União Soviética. Todos estes factores contribuíram, então, para esse declínio.
   Para combater tal cenário, Mikhail Gorbatchev (secretário-geral do Partido Comunista da URSS desde 1985), delineou um plano abrangente - perestroika (reestruturação) - com o objectivo de acelerar o progresso social e económico da União Soviética. Economicamente, a perestroika fomentava a iniciativa privada e a descentralização da economia, permitindo que a livre-concorrência servisse de estímulo à produção, contrariando a política económica de planos quinquenais e de nacionalizações totais. O objectivo era "satisfazer as aspirações do povo soviético a melhores condições de vida e de trabalho, a melhores lazeres, a uma melhor educação e a melhores cuidados médicos".  Politicamente, a prioridade de perestroika consistia no combate à corrupção e à censura, através da transparência, e ainda na aproximação do Ocidente, no desarmamento do país e na democratização do regime político (eleições livres). Neste seguimento,  Gorbatchev e o presidente norte-americano Ronald Reagan assinam o Tratado de Washington, para a destruição de armas atómicas. Para além disto, Gorbatchev encara positivamente a libertação dos países de Leste do controlo soviético, embora acreditasse ainda na preservaç´~ao da unidade da antiga URSS, dado que em 1991 tentou travar militarmente o processo independentista, opondo-se ao presidente Boris Letsin.
   Este clima de abertura política ba União Soviética facilitou a constestação aos regimes comunistas implantados no bloco de Leste. Apoiada na ideia de Gorbatchev, segundo a qual "as nações não podem nem devem decalcar a sua vida sobre o modelo dos Estados Unidos ou da União Soviética", a URSS não interveio militarmente para silenciar as rebeliões, pelo que em praticamente todos os países do Leste Europeu os líderes ligados à URSS foram depostos (Checoslováquia, Roménia, RDA e Polónica, onde Lech Walesa opôs-se ao regime comunista através do sindicato independente Solidarnosc).1991 assinalao fim do bloco soviético. Os países da Europa Central e Oriental tinham novas constituições - a democratização dos mesmos estava em curso.
   As alterações politico-geográficas resultantes da falência da União Soviética foram as seguintes:

  • o território da URSS deu lugar, em 1991, à CEI (Comunidade de Estados Independentes), composta pela Arménia, pelo Azerbaijão, pela Bielorrússia, pelo Cazaquisrão, pela Moldávia, pelo Quirquistão, pela Rússia, pelo Tajiquistão, pelo Turquemenistão, pela Ucrância, pelo Usbequistão e pela Geórgia (que se junta em 1933). Os Estados Bálticos (Estónia, Letónica e Lituância) não integraram a CEI. A criação da CEI levou à demissão, em 1991, de Gorbatchev do cargo de presidente da URSS, após ter visto fracassar o seu projecto de criar a URS (União das Repúblicas Soberanas);

  • A reunificação alemã foi negociada em 1990, através de um tratado entre as partes com direitos de soberania sobre o território - a RDA, a RFA, a Inglaterra, os Estados Unidos, a França e a URSS;

  • a Checoslováquia dividiu-se em duas Repúblicas - República Checa e Eslováquia;

  • a transformação da Jugoslávia na República Federal da Jugoslávia deu origem à independência da Eslovénia, da Croácia, da Bósnia-Herzegovina e da Macedónia nos anos de 1991-92.
   A rápida transição de um regime económico socialista para o capitalismo nos países anteriormente ligados à URSS (países do Leste europeu), provocou uma desorganização económica acentuada nos mesmos. Os salários não acompanharam a rápida subido dos preços dos bens de consumo, o que resultou na perda do poder de compra dos cidadãos; as empresas despediram muitos assalariados, tendo em vista o lucro; a privatização de várias empresas do Estado foi feita através de meios corruptos; as moedas nacionais desvalorizaram. Desta feita, os PIB's dos países de Leste diminuíram vertiginosamente nos anos noventa. Contudo, os produtos da sociedade de consumo, cuja importação era proibida durante o regime comunista, entraram massivamente nos países de Leste, sendo adquiridos apenas pelos cidadãos mais ricos - esta situação agravou o défice comercial destes países. As excepções a este retrocesso económico foram a República Checa, a Hungria, a Polónia e a ex-RDA, que registaram uma evoluição económica positiva na década de 90, devido a uma conjuntura política favorável e ao investimento externo (sobretudo da comunidade europeia na Polónia).


Transformações sociais e culturais nos anos 50, 60 e 70

sexta-feira, 16 de abril de 2010

25/04/1974

   Do Movimento dos Capitães, um grupo de oficiais do exército português formado em Julho de 1973, partiu a iniciativa para a Revolução de 25 de Abril de 1974. Este grupo revolucionário foi liderado por Costa Gomes (chefe do Estado-Maior das Forças Armadas) e por António de Spínola (vice-chefe do Estado-Maior das Forlas armadas).
   As razões que levaram estes militares a planearem uma revolução prendiam-se, oficialmente, com a questão da promoção na carreira dos oficiais milicianos (que não haviam frequentado a Academia Militar). Contudo, outro motivo mais profundo serviu de mote ao 25 de Abril de 74: os militares exigiam uma solução política para a questão colonial, que esgotava 40% do orçamento de Estado e que implicava a morte e desaparecimento de centenas de portugueses. Para estes oficiais do exército, a solução para o problema colonial consistia na "democratização do país", elegendo instituições que representassem a vontade do povo.
   Depois da destituição de Spínola e de Costa Gomes, em Março do ano revolucionário, o Movimento dos Capitães passa a designar-se por Movimento das Forças Armadas (MFA) e prepara o golpe militar que irá derrubar o Estado Novo com o objectivo de implantar uma democracia política.
   A Otelo Saraiva de Carvalho coube a função de master mind da revolução, concebendo o plano das operações militares e orientando a sua execução a partir do posto de Comando da Pontinha (Lisboa). O sinal foi dado pelas canções-senha, via rádio: E Depois do Adeus, de Paulo de Carvalho (22:55h de 24 de Abril) e Grândola, Vila Morena, de José Afonso (0:25h de 25 de Abril).
   Posteriormente, sem qualquer resistência, o MFA ocupou os principais pontos estratégicos da cidade de Lisboa.
   Outra personalidade indispensável à revolução foi o capitão Salgueiro Maia, que dialogou com as forças fiéis ao regime marcelista (e que acabaram por aderir à revolta) e que dirigiu o cerco ao Quartel do Carmo. onde se encontrava Marcello Caetano. O presidente do Conselho aceitou render-se ao general António de Spínola, que chegou ao local às 17:30h do dia 25 de Abril.
    Às 19:50h, o Movimento das Forças Armadas anunciou a queda do regime através da RTP.



domingo, 11 de abril de 2010

As contestações relativas ao impasse colonial

   No início a década de 70, vislumbrava-se um impasse na guerra colonial. Nem as Forças Armadas portuguesas, nem as forças militares africanas conseguiam estabelecer uma supremacia no território, necessária para a proclamação de vitória. A legislação portuguesa intensificou este impasse, através do plano de revisão do estatuto das colónias que Marcello Caetano traçou e que fora incorporado na revisão constitucional de 1971 e na Lei Orgância do Ultramar português de 1972, não trazendo quaisquer alterações de base nem perspectivas de autonomia colonial.
   Este impasse colonial era prejudicial ao país: a guerra esgotava recursos naturais e 40% do orçamento de Estado, envolvia o risco de morte dos cidadãos nacionais (7% da população masculina portuguesa foi chamada a intervir na guerra) e favorecia o crescimento da contestação interna e externa.
    A nível externo, a guerra do Ultramar trazia a contestação da ONU (que em 73 reconhece a independência da Guiné-Bissau) e o descrédito dos EUA e da Inglaterra relativamente a Portugal, já que os EUA propuseram ao Estado português diversos planos de descolonização que foram recusados, e também porque a reacção da visita de Marcello Caetano ao Reino Unido em 1973 não poderia ter sido pior: os ingleses manifestaram-se com indignação contra ummassacre realizado em Moçambique pelas tropas portuguesas.
   Relativamente à constestação a nível interno, há a referir o aparecimento de alguns grupos de católicos (católicos progressitas), que se desviaram do apoio da Igreja ao regime, criticando a ditadura e a guerra colonial (como foi o caso do então bispo do Porto - D. António Ferreira Gomes). O auge da oposição da Igreja Católica face aos regime ditatorial deu-se aquando da recepção pelo Papa Paulo VI aos líderes dos movimentos independentistas africanos. Há ainda a apontar o "golpe de Botelho Moniz", o ministro da Defesa que, em 1961, com o apoio do ex-presidente da República, Craveiro Lopes, exigiu a Américo Thomaz a demição de Salazar - atitude que lhe trouxe retaliações a nível profissional. Também em 1962, Manuel Homem de Melo publica Portugal, o Ultramar e o Futuro, onde é defendida uma solução federalista para as colónias (cada colónia seria um Estado federado com Assembleia Nacional, governo e tribunais próprios. Por fim, resta destacar, no que toca à contestação interna, que nos anos 70, muitos militares das Forças Armadas (um número que ia aumentando) defendiam a impossibilidade de Portugal vencer a guerra e temiam ser apontados por fracasso militar, a tal ponto que, em 1974, o general António de Spínola publica Portugal e o Futuro - uma obra onde explanava as razões que tornavam inevitável a "autonomia dos territórios ultramarinos".
   Perante toda esta contestação, a tese de Marcello Caetano - segundo a qual os povos da Guiné, de Angola e de Moçambique não queriam a independência de Portugal, tratando-se de guerrilhas de "selvagens assassinos e violadores", apoiados por "potências estrangeiras que esperavam vir a recolher o espólio de uma capitulação de Portugal- tornava-se incomportável.
General António de Spínola