domingo, 25 de abril de 2010

O fim do sonho soviético

   Na década de 80, o regime comunista  da URSS encontrava-se em declínio. O controlo económico estatal e a excessiva burocracia impediam o desenvolvimento económico, o modelo económico de planos quinquenais resultavam na ausência de competitividade, as liberdades individuais eram apenas teóricas, a política estava nas mãos do Partido Comunista, o apoio financeiro aos países que se situavam na órbitra do bloco soviético representava um pesado encargo ao nível económico e militar, os cidadãos careciam de boas condições de vida e a corrida aos armamentos nucleares ameaçava a segurança mundial e exigia grandes investimentos por parte da União Soviética. Todos estes factores contribuíram, então, para esse declínio.
   Para combater tal cenário, Mikhail Gorbatchev (secretário-geral do Partido Comunista da URSS desde 1985), delineou um plano abrangente - perestroika (reestruturação) - com o objectivo de acelerar o progresso social e económico da União Soviética. Economicamente, a perestroika fomentava a iniciativa privada e a descentralização da economia, permitindo que a livre-concorrência servisse de estímulo à produção, contrariando a política económica de planos quinquenais e de nacionalizações totais. O objectivo era "satisfazer as aspirações do povo soviético a melhores condições de vida e de trabalho, a melhores lazeres, a uma melhor educação e a melhores cuidados médicos".  Politicamente, a prioridade de perestroika consistia no combate à corrupção e à censura, através da transparência, e ainda na aproximação do Ocidente, no desarmamento do país e na democratização do regime político (eleições livres). Neste seguimento,  Gorbatchev e o presidente norte-americano Ronald Reagan assinam o Tratado de Washington, para a destruição de armas atómicas. Para além disto, Gorbatchev encara positivamente a libertação dos países de Leste do controlo soviético, embora acreditasse ainda na preservaç´~ao da unidade da antiga URSS, dado que em 1991 tentou travar militarmente o processo independentista, opondo-se ao presidente Boris Letsin.
   Este clima de abertura política ba União Soviética facilitou a constestação aos regimes comunistas implantados no bloco de Leste. Apoiada na ideia de Gorbatchev, segundo a qual "as nações não podem nem devem decalcar a sua vida sobre o modelo dos Estados Unidos ou da União Soviética", a URSS não interveio militarmente para silenciar as rebeliões, pelo que em praticamente todos os países do Leste Europeu os líderes ligados à URSS foram depostos (Checoslováquia, Roménia, RDA e Polónica, onde Lech Walesa opôs-se ao regime comunista através do sindicato independente Solidarnosc).1991 assinalao fim do bloco soviético. Os países da Europa Central e Oriental tinham novas constituições - a democratização dos mesmos estava em curso.
   As alterações politico-geográficas resultantes da falência da União Soviética foram as seguintes:

  • o território da URSS deu lugar, em 1991, à CEI (Comunidade de Estados Independentes), composta pela Arménia, pelo Azerbaijão, pela Bielorrússia, pelo Cazaquisrão, pela Moldávia, pelo Quirquistão, pela Rússia, pelo Tajiquistão, pelo Turquemenistão, pela Ucrância, pelo Usbequistão e pela Geórgia (que se junta em 1933). Os Estados Bálticos (Estónia, Letónica e Lituância) não integraram a CEI. A criação da CEI levou à demissão, em 1991, de Gorbatchev do cargo de presidente da URSS, após ter visto fracassar o seu projecto de criar a URS (União das Repúblicas Soberanas);

  • A reunificação alemã foi negociada em 1990, através de um tratado entre as partes com direitos de soberania sobre o território - a RDA, a RFA, a Inglaterra, os Estados Unidos, a França e a URSS;

  • a Checoslováquia dividiu-se em duas Repúblicas - República Checa e Eslováquia;

  • a transformação da Jugoslávia na República Federal da Jugoslávia deu origem à independência da Eslovénia, da Croácia, da Bósnia-Herzegovina e da Macedónia nos anos de 1991-92.
   A rápida transição de um regime económico socialista para o capitalismo nos países anteriormente ligados à URSS (países do Leste europeu), provocou uma desorganização económica acentuada nos mesmos. Os salários não acompanharam a rápida subido dos preços dos bens de consumo, o que resultou na perda do poder de compra dos cidadãos; as empresas despediram muitos assalariados, tendo em vista o lucro; a privatização de várias empresas do Estado foi feita através de meios corruptos; as moedas nacionais desvalorizaram. Desta feita, os PIB's dos países de Leste diminuíram vertiginosamente nos anos noventa. Contudo, os produtos da sociedade de consumo, cuja importação era proibida durante o regime comunista, entraram massivamente nos países de Leste, sendo adquiridos apenas pelos cidadãos mais ricos - esta situação agravou o défice comercial destes países. As excepções a este retrocesso económico foram a República Checa, a Hungria, a Polónia e a ex-RDA, que registaram uma evoluição económica positiva na década de 90, devido a uma conjuntura política favorável e ao investimento externo (sobretudo da comunidade europeia na Polónia).


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