quarta-feira, 2 de junho de 2010

terça-feira, 1 de junho de 2010

O desvanecimento da classe operária, do sindicalismo e da militância política


  
   Actualmente, num mundo cada vez mais industrializado, com uma quantidade de produtos crescente,  o número de operários tem diminuído, provavelmente devido ao processo de desindustrialização da população que tem ocorrido nos países desenvolvidos. Nestes países (ex: Japão, EUA, União Europeia), o sector dos serviços tem crescido exponencialmente e, com ele, a população activa que é empregada no mesmo. Já o sector industrial tem requerido cada vez menos mão-de-obra, devido à automatização da indústria (geradora do desemprego tecnológico), às exigências dos novos sectores industriais em expansão (ex: electrónica, que requer mão-de-obra muito especializada) e à deslocalização das empresas para países menos desenvolvidos.
   Esta redução progressiva do número de operários nos países desenvolvidos tem gerado um declínio do sindicalismo nos mesmos. Contudo, esta tendência deve-se também ao facto de a consciência de classe estar também a desaparecer, dado que existem operários que precisam de manter o seu emprego a todo o custo, independentemente das más condições de trabalho, como, por exemplo, os imigrantes ou os trabalhadores em regime de tempo parcial. Por fim, há a referir que a competitividade e o materialismo, conceitos reavivados com a ascensão, a partir dos anos 80, do modelo económico neoliberal, levam a que a adesão a causas sindicais possa facilmente colocar em risco os postos de trabalho dos operários (devido às facilidades de despedimento) e a produtividade da empresa.
   Relativamente à redução do número de militantes nos partidos políticos, esta deve-se, sobretudo, à crise de ideologias que o Ocidente atravessa, o que origina, também, uma elevada percentagem de abstenção nas eleições, que denuncia o desinteresse ou o descrédito da maioria da população nas opções políticas existentes.
Portugal, um exemplo de crescimento do sector dos serviços:






















Portugal, um exemplo do declínio do sindicalismo:
«A EVOLUÇÃO DA SINDICALIZAÇÃO PORTUGUESA DE 1974 A 1995
   O declínio do movimento sindical tem sido um tema proeminente no debate internacional sobre o estado actual da regulação aos níveis micro, meso e macro-social, na última década.                                                
   Esse declínio expressa-se em múltiplos fenómenos: perda de sindicalizados, descida da taxa de sindicalização, crise de financiamento dos sindicatos, fraqueza de mobilização, elevada abstenção nas eleições sindicais, entre outros.                                                                                                                     
   Num quadro de insuficiente reflexão sobre o movimento sindical português, este estudo faz uma avaliação evolutiva dos efectivos sindicais e da taxa de sindicalização global e sectorial de 1974 a 1995.                      
   Os resultados indicam que a taxa de sindicalização desceu para cerca de metade, na última década, mostrando-se muito heterogénea a evolução sectorial. O enfraquecimento da relação instrumental com os sindicatos e a alteração das condições que modelam as decisões de adesão emergem como factores explicativos da descida assinalada.»
Cerdeira, Maria da Conceição
Portugal, um exemplo do crescimento do desinteresse político: