terça-feira, 22 de setembro de 2009

Depois da tempestade não veio a bonança (para alguns)



    A Primeira Guerra Mundial, decorrida entre 1914 e 1918, deixou como legado não apenas a morte e destruição, mas também um clima de vingança entre vencedores e vencidos, mesmo depois dos primeiros acordos de paz (1919). Para além disto, surgiram transformações na Europa, em termos políticos e geográficos, que contribuíram também para a sobrevivência de uma atmosfera conflituosa no período do pós-guerra.
    O arrefecer da Primeira Grande Guerra caracterizou-se pela queda de impérios, pela criação de novos países, pela alteração de fronteiras e pela adopção de novos regimes políticos. Depois da derrota militar do império alemão, a Alemanha, unificada desde 1871, tranforma-se numa república; a Turquia, resultado da dissolução do império otomano, adopta um regime autoritário; a cisão do império austro-húngaro origina dois países independentes: a Áustria, que acolhe um regime democrático, e a Hungria, sob o controlo de um regime repressivo; finalmente, na Rússia, depois da queda do império russo e com a revolução de 1917, é instaurado o poder dos sovietes. Relativamente a novos estados, verifica-se: a independência da Finlândia, da Letónia e da Lituânia relativamente ao império russo (que viu o seu território reduzido após a sua saída antecipada da guerra - Paz Separada, 1917); o aparecimento da Polónia, da Checoslováquia, da Hungria e da Jugoslávia; as colocações do Líbano e da Síria sob a tutela da Grã-Bretanha e a colocação da Palestina sob a administração de França. No que toca a vencidos e a vencedores de guerra, França, Itália, Bélgica e Roménia vêem as suas fonteiras ampliadas, enquanto países como a Alemanha, Bulgária, Áustria e Turquia assistem à redução de áreas sobre o seu domínio. Neste processo desequilibrado de administração e distribuição territorial, vários descontentamentos resultaram de grandes reduções territoriais para uns, de insuficientes aumentos territoriais para outros e do desrespeito por diferentes culturas e nacionalidades que se viram aglomeradas num mesmo espaço.
    Focando-nos agora nos aspectos económicos que contribuíram para o clima de vingança, anteriormente referido, ente ex-opositores de guerra, destaque-se o Tratado de Versalhes (1919) como causa primeira para a recuperação dos países vencedores e destruíçao de estados vencidos, sobretudo o estado alemão. As condições expressas no tratado, relativamente à Alemanha (considerada a principal responsável pela Primeira Guerra Mundial), consistiram no pagamento de indeminizações aos países vencedores (reparações de guerra), na redução do exército e armamento e em penalizações territoriais à Alemanha - restituição do território da Alsácia-Lorena ao estado francês; controlo da zona do Sarre e de Dantzing pela Sociedade das NAções; criação de estados independentes que reduziram o território alemão (Áustria, Polónia e Checoslováquia); perda das colónias alemãs para os países vencedores.
    Este Tratado de Versalhes por ter sido elaborado pelo Conselho dos Quatro (E.U.A., Inglaterra, França e Itália) sem o conhecimento e o consentimento da Alemanha, não teve em vista o desenvolvimento económico da Europa, mas apenas a amortização imediata de despesas dos países vencedores, agravando assim a situação de uma paz em risco na Europa.
    Por este desenrolar de acontecimentos, e em virtude dos "14 pontos" sugeridos pelo presidente norte-americano Wilson, surge, em 1919, a Sociedade das Nações.


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